Comunidade escolar comemora mudança de nome do Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella

Estudantes, professores, funcionários, gestores e autoridades se reuniram, nesta sexta-feira (11/4), para a solenidade que marcou a mudança de nome do Colégio Estadual Presidente Garrastazu Médici para Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella. A cerimônia, cheia de emoções e homenagens, contou com a participação do governador da Bahia, Jaques Wagner, do secretário da Educação do Estado, Osvaldo Barreto, do presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, do filho do revolucionário Carlos Marighella, Carlos Augusto Marighella, e da neta, Maria Marighella.

Publicada no Diário Oficial do dia 14 de fevereiro, por meio da portaria nº 865/2014, a troca do nome foi resultado de uma série de ações motivadas por um desejo da comunidade escolar. Durante o processo, os estudantes foram apresentados à personalidade do presidente Garrastazu, assim como às de Carlos Marighella e de Milton Santos, nomes sugeridos pelo colegiado escolar e colocados em votação para substituir o nome do ditador. Estudantes, pais, funcionários e professores participaram da eleição, que elegeu o nome de Carlos Marighella, por 461 votos a 132.

 

Fotos: Claudionor Jr. Ascom/Educação

O governador Jaques Wagner parabenizou a comunidade escolar pela iniciativa e chamou a atenção para o significado da mudança. “Não estamos plantando ódio contra ninguém com essa mudança de nome. Estamos plantando o amor por Carlos Marighella, um homem que lutou pela democracia, que lutou pela liberdade do povo brasileiro”, frisou o governador.

Para o secretário Osvaldo Barreto, “essa é uma mudança simbólica, no sentido de que retiramos o nome de um dos principais ditadores que tivemos para resgatar a memória de um homem que lutou pelo nosso país”, declarou, destacando a importância da autonomia da escola nesse processo. “A comunidade tomou a iniciativa e a secretaria acatou a mudança, que culmina com uma série de atividades que estamos desenvolvendo para lembrar os 50 anos do golpe militar”, completou o secretário, lembrando as ações do projeto Ditadura Militar Direito à Memória – 50 anos do golpe militar de 1964.

Presidente da Comissão Nacional da Anistia, Paulo Abrão, ressaltou a importância do ato promovido pela comunidade escolar. “Embora várias ações tenham sido realizadas, nada se compara a esta. Esse momento representa o surgimento de uma consciência social de reconhecimento de que a sociedade teve o legitimo direito de lutar contra a ditadura no passado, e representa, também, uma sinalização para o futuro”.

Para Jackson de Jesus Almeida, estudante do 3º ano do ensino médio da unidade, a mudança é também motivo de orgulho. “No futuro, eu vou poder dizer que estudei em um colégio que, por meio de estudantes e professores, mudou o nome de um ditador por um militante”, ressaltou o estudante, explicando que a mudança foi resultado de um trabalho que envolveu pesquisas e discussões.

Marighella – Nascido em Salvador, no dia 5 de dezembro de 1911, Carlos Marighella foi um político, guerrilheiro e poeta brasileiro, que se destacou entre os principais organizadores contra o regime militar instituído a partir do golpe de 1964. Egresso do Colégio Estadual da Bahia (Central), o revolucionário tornou-se militante profissional em 1934 e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na reorganização do Partido Comunista Brasileiro e fundou, em 1968, a Aliança Libertadora Nacional (ALN). Marighella foi morto em uma emboscada preparada pelos militares, no dia 4 de novembro de 1969.

Convidado especial da solenidade, Carlos Augusto Marighella relatou que, durante muito tempo, além de conviver com a dor da perda do pai, teve que suportar as mentiras contadas por militares, que difamavam a imagem do revolucionário. “Meu pai era uma pessoa extremamente carinhosa, e uma das suas grandes qualidades era a sua lealdade e fidelidade aos seus ideais. Este é um momento de consagração. Tenho certeza que os estudantes e professores estão promovendo um ato de justiça”.

Homenagens – Além das homenagens ao militante, que passa a nomear a escola, e ao seu filho, a unidade escolar também ganhou presentes. Duas imagens de Marighella, em seu tempo de estudante no Colégio Central, foram doadas à escola. As fotografias faziam parte do acervo do Centro de Memória do Colégio Central.

No pátio do Colégio Estadual Carlos Marighella, a exposição “Imagens da Bahia Militarizada”, organizada pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia, em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado e com o Centro de Memória da Bahia – Fundação Pedro Calmon, contava a trajetória de baianos que lutaram pelo direito à democracia durante a ditadura.

 

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