Comunidade escolar da rede estadual comemora o 20 de Novembro

No Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado nesta sexta-feira (20/11), a comunidade escolar de diversos colégios estaduais vivenciaram a culminância de projetos promovidos durante toda a semana, em alusão à data. No Colégio Estadual Sete de Setembro, no bairro de Paripe, em Salvador, por exemplo, os membros do colegiado escolar, do grêmio estudantil, da equipe gestora e líderes de classe organizaram um dia inteiro de atividades ligadas à cultura negra. Todas as ações didáticas e artísticas, desenvolvidas durante o ano letivo, resultaram em palestras, desfiles de turbantes e de beleza negra, exposição de máscaras africanas, recital de poesia e apresentações musicais e de dança.
 
“O público da nossa escola é formado por 99% de negros, tal e qual o bairro de Paripe. Então, durante todo o ano, desenvolvemos trabalhos multidisciplinares, com a temática afro-brasileira, visando trazer à tona as raízes africanas”, destacou o diretor do Colégio Sete de Setembro, Diógenes Silva. A professora de Geografia Luciana Assis reforçou: “Nosso projeto é essencial para que políticas públicas sejam sempre pensadas com o objetivo da afirmação dos negros na nossa sociedade”.
 
O estudante Clemilton Brenno Santos, 20 anos, 3º ano, destacou que o trabalho feito no Colégio Sete de Setembro é estimulante porque tem como objetivo valorizar o negro. “Já aconteceu a abolição da escravatura, mas o negro continua escravo do preconceito racial. Cabe a nós, estudantes e negros, combater isso na sociedade”. A colega Larissa Pereira, 16, 2º ano, foi buscar no poeta e escritor africano Lande Onawale a sua inspiração para abordar, em sua apresentação literária, a questão do preconceito racial. “Ele fala, em suas poesias, que não podemos ter vergonha da cor da nossa pele. Temos que assumi-la para sermos respeitados”.
Fotos: Claudionor Jr. Ascom/Educação
Cultura negra
 
A representatividade da dança, música, poesia e literatura afros também nortearam as apresentações dos estudantes do Colégio Estadual Senhor do Bonfim, nos Barris, em Salvador. “A nossa proposta é conscientizar a todos sobre a importância da valorização da cultura negra para o convívio democrático da sociedade”, afirmou o diretor Jener Freire. A estudante Taís Nara Faria, 17 anos, 3º ano, deu o seu recado: “Hoje, por conta dos projetos escolares voltados à cultura afro, é perceptiva a evolução da nossa consciência. Vejo que já nos aceitamos como negros, graças à discussão sobre a temática africana durante todo o ano. E os nossos professores são os grandes responsáveis por nos trazer este conhecimento”.
 
No Colégio Estadual Pedro Calmon, também na capital baiana, os alunos também se envolveram em atividades relacionadas ao combate do preconceito racial e à inclusão do negro em todos os setores da sociedade. A diretora Solange Santana ressaltou que o objetivo dos eventos do dia 20 de novembro “é colocar a arte e a cultura como eixos a serviço do estudo e da expressão da temática, por meio de um trabalho multidisciplinar”.
 
Em Pernambués, bairro mais negro de Salvador, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), estudantes do colégio Estadual Ministro Aliomar Baleeiro, tiveram a oportunidade de assistir e participar de um festival de capoeira com mestres de países como, Itália, Argentina e Estados Unidos.
 
Comunidade Quilombola
 
No Colégio Estadual Eraldo Tinoco, localizado na comunidade quilombola Santiago do Iguape, em Cachoeira, as comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra se estendem até sábado (21/11). Na programação estão: palestras, apresentações de dança, maculelê, cordel, samba de roda, além de desfile de turbantes e penteados.
 
O colégio é referência de bom exemplo da implantação das diretrizes curriculares quilombolas na rede estadual. Com 180 estudantes matriculados, a unidade escolar comemora os resultados da iniciativa. Os estudantes estão cada vez mais se reconhecendo enquanto quilombolas e valorizando sua cultura, costumes e identidade.

Notícias Relacionadas