Alunas indígenas e professores passam por formação para multiplicar projeto que incentiva a continuidade dos estudos

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Fotos: Claudionor Jr. - Ascom/Educação
Estudantes e professores da Educação Indígena da rede estadual e lideranças comunitárias estão reunidos no Instituto Anísio Teixeira (IAT), em Salvador, com o objetivo de conhecerem o projeto Malala e ganharem formação, de modo que possam atuar como multiplicadoras em suas aldeias, na defesa dos seus direitos. Desenvolvido pela Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ) e por estudantes indígenas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em parceria com a Secretaria da Educação do Estado da Bahia, o projeto visa incentivar a educação secundária de meninas indígenas adolescentes que abandonaram a sala de aula. O evento termina na quinta-feira (13), quando será lançado o guia “Junte-se a Malala e amplie a sua voz”, uma ferramenta para a atuação na defesa da educação desse público feminino e gerar transformações.
 
A indígena Iakirana Batista Santos, 18 anos, do município de Muquém do São Francisco, uma das participantes da capacitação, conta que chegou a concluir o Ensino Médio, mas não deu continuidade aos estudos. “Eu gostaria muito de retornar à sala de aula, fazer uma faculdade. Então, acredito que este projeto será um incentivo importante. Estou ansiosa por novos conhecimentos para levar para a minha comunidade”, disse. A cacique Maria Kiriri Ferreira dos Santos, líder comunitária na região, também comemorou a iniciativa do Malala. “Estou com muita expectativa de levar para o meu povo este incentivo à educação de meninas que precisam voltar à escola para se sentirem empoderadas”.
 
A formadora Vanessa Pataxó, 22, estudante do curso de Fisioterapia na UFBA, conta que acompanha o projeto Malala desde a visita da paquistanesa Malala Yousafzai, fundadora do Malala Fund (Fundação Malala), que se tornou, em 2013, a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. “Acompanho o Malala desde então e tem sido uma experiência muito interessante, principalmente porque participo de um grupo de pesquisa indígena na universidade. Pretendo contribuir com a formação destas meninas, aqui presentes que, por sua vez, serão multiplicadoras de conhecimentos”.
 
Representando a Coordenação da Educação Indígena da Secretaria da Educação do Estado, Marilene Pataxó falou sobre a motivação da parceria com o projeto Malala. “Estamos apoiando o projeto da ANAÍ para que acontecesse este momento de capacitação das meninas, que serão monitoras nas suas comunidades no trabalho que será encaminhado por professores e lideranças indígenas. Entendemos que esse empoderamento é algo que vai fortalecer a identidade dos indígenas, aumentar os seus conhecimentos tradicionais e científicos e levantar a sua autoestima. Como o Malala foca nas meninas que abandonaram os estudos, este é um momento oportuno de incentivo para que elas voltem a estudar e as que estão recebendo formação vão poder ser multiplicadoras nas suas aldeias.
 
Ações dos projetos
A coordenadora do Malala, Ana Paula de Lima, explicou que as ações do projeto estão organizadas em três eixos: diagnóstico, realizado a partir dos
 
dados oferecidos pela Secretaria da Educação para a produção de informações qualitativas sobre as necessidades e aspirações das meninas; formação, sobre temas como direitos humanos, questões de gênero e legislação da educação escolar indígena; e campanha, por meio da qual serão desenvolvidas iniciativas de reivindicação e de sensibilização para a melhoria do acesso e da qualidade do ensino para meninas indígenas. “A Fundação Malala tem o propósito trabalhar com educação de meninas principalmente em países que têm um contexto mais difícil de educação, como nas comunidades indígenas e quilombolas, nas quais há um maior número de evasão escolar”.
 
A representante do Fundo Malala no Brasil, Maíra Martins, completou que a proposta de trabalho da Fundação Malala e da ANAÌ, por meio do projeto Malala, não visa sobrepor nem substituir as ações de responsabilidade formal do poder público em educação escolar indígena. “Ao contrário, visa construir ou aproveitar esferas de diálogo e de parceria com instâncias do poder público, da iniciativa privada e das organizações e do movimento indígena, no sentido da obtenção dos objetivos comuns pelo acesso e pela qualidade da educação secundária de meninas indígenas”.  

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