Colégio desenvolve ações para a Educação de Jovens e Adultos

A culinária é explorada nas aulas de matemática. A música ou o teatro servem de base para um aprendizado multidisciplinar. Já os saraus literários estimulam a produção de textos. A temática afro-brasileira e indígena, por sua vez, é trabalhada a partir de um cotidiano social.

É dentro desse contexto que os alunos do segmento Educação de Jovens e Adultos (EJA), do Colégio Estadual Sete de Setembro, no bairro de Paripe, subúrbio ferroviário de Salvador, vêm sendo estimulados a frequentar a sala de aula, levando-se em conta que a maioria deles é de trabalhadores  e chefes de família.

O programa de Educação de Jovens e Adultos une histórias de vida e experiências de saberes, dentro de um contexto complexo, buscando estimular os seus estudantes a participar ativamente das aulas. “É um trabalho permanente. Começamos com o acolhimento diário da chegada, com o lanche, às 18h30, para contemplar os alunos que geralmente, já vêm direto de seus trabalhos para a escola”, diz o diretor do Colégio Sete de Setembro, Diógenes Ribeiro da Silva, que conta com uma equipe de professores com dez anos de casa, que atende aos 280 alunos da EJA.

Professora de inglês das turmas da EJA do colégio, há uma década, Elizete Leal conta que, diante do problema da evasão escolar nesse segmento, os estudantes precisam ser estimulados em dobro. “Existe uma série de questões pessoais dos estudantes, na maioria, trabalhadores e pais de família, que os retiram da sala de aula. Fizemos pesquisas e vimos que os alunos da EJA não se interessam por assuntos que não façam parte de suas realidades. Daí a necessidade de associá-los ao aprendizado”, garante.

Também professor da EJA, nas áreas de matemática e física, André Luís Neres revela que foi com os próprios alunos que descobriu o prazer que eles têm em trabalhar com o tema da culinária em sala. “Assim, o assunto foi explorado nas aulas de matemática a partir da abordagem, por exemplo, das quantidades de ingredientes utilizados em cada comida”.

Jackson Anderson Tavares (foto), 33 anos, ex-estudante do Colégio Sete de Setembro, afirma que o programa o ajudou a recuperar o tempo perdido. “Comecei a estudar na EJA, concluí o curso e hoje estou trabalhando. Aconselho a todos os jovens e adultos a não perderem essa oportunidade”.

Estímulo por meio da arte - Projetos como o Festival Anual da Canção Estudantil (Face) e Tempo de Artes Literárias (TALl), que visam incentivar a produção musical e literária no meio escolar, ganharam espaço entre os estudantes do segmento Educação de Jovens e Adultos (EJA), no Colégio Sete de Setembro. Outro projeto que também contribuiu para estimular os estudantes, a partir de trabalhos de temática afro-brasileira e indígena, é o Consciência Negra. “Temos aqui uma comunidade de 99,9% de negros. Baseados nesses números, desenvolvemos projetos com os estudantes, visando trazer à tona as raízes africanas e indígenas”, destaca o diretor  Diógenes Silva,

A professora Elizete Leal completa que, ao participar desses projetos, os estudantes se sentem valorizados, já que veem uma oportunidade de mostrar seus aprendizados, como técnicas de teatro e suas performaces em coral. Além disso, afirma, eles se sentem corresponsáveis pelos eventos, já que os equipamentos de palco utilizados são cedidos por eles próprios, muitos dos quais músicos de bandas locais.

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