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Colégio Estadual Edigar Dourado é referência de gestão
Olhando pelo lado de fora, o Colégio Estadual Edigar Dourado Lima, no povoado de Fedegosos, em Morro do Chapéu, é igual a qualquer outro da Bahia, mas é ao entrar que se nota a diferença. Antes do início das aulas, às 7h30, os alunos cantam o Hino Nacional, enquanto as bandeiras do Brasil, da Bahia e do próprio colégio são hasteadas.
Logo depois, um grupo vai colher legumes e hortaliças no espaço mantido pelos próprios alunos. Na plantação, são colhidos os principais ingredientes da merenda escolar: mamão, aipim, batata-doce, andu, limão, laranja, abacaxi, coentro, cebolinha, cenoura, alface, couve. O colégio também proporciona outras atividades: informática, radioescola, leitura. E há atividades recreativas, esportivas e culturais.
O Edigar Dourado Lima não é de tempo integral, mas isso não impede que os estudantes fiquem no colégio o dia todo. “Às vezes, preciso ficar olhando todas as salas para mandar os alunos irem embora. Esquecem até de comer, e, se deixar, eles dormem aqui (risos)”, disse o diretor Edson Gonçalves de Oliveira. A explicação dos alunos é que eles querem aproveitar tudo o que é oferecido na unidade de ensino, que é exemplo para outras escolas do município.
Ouça a matéria sobre a escola
“Esta escola proporciona muita coisa boa pra gente e por isso a amamos. Cuidamos dela porque é nossa, porque faz parte de nossas vidas”, explicou a aluna do ensino médio Joana Gabriel, 29 anos, que voltou a estudar depois de quase dez anos fora da sala de aula. De acordo com ela, o incentivo surgiu quando conheceu de perto o trabalho pedagógico desenvolvido na unidade. “É melhor do que muitos colégios particulares”.
Outra aluna que se orgulha em estudar no colégio é Floirane Alves Figueiredo, 12 anos. “Ele mudou muito minha vida, porque aprendi a cuidar das coisas. Mudei na minha casa, sou mais responsável e me dedico aos estudos”.
Integração com a comunidade - Por falta de opções de lazer em Fedegosos, a escola é aberta durante os fins de semana para que a comunidade participe das ações. O acesso é irrestrito. Os moradores podem usar a quadra para jogar ‘baba’ ou até mesmo realizar um campeonato de futebol, acessam a internet, usam a sala de leitura, participam de eventos que promovem a cultura local, como as rodas de samba, a chula e a literatura de cordel. Os que preferem assistir televisão também são bem-vindos. Em uma sala de vídeo, podem assistir na TV a cabo qualquer programação: filmes, desenhos, novelas, documentários, noticiários e futebol.
“Ficamos muito felizes por contar com a escola durante os fins de semana. Aqui no povoado, não temos nada pra fazer e é na escola que encontramos muitas coisas boas. Esta escola é o cartão-postal deste lugar e temos muito orgulho disso”, ressaltou Rosélia Araujo, 36 anos, que tem dois filhos matriculados no Edigar Dourado Lima.
Para o comerciante Custódio Valois, 57 anos, a opção de abrir a escola durante o fim de semana ajuda a manter as crianças e os adolescentes longe das drogas e da violência. “Enxergamos esse trabalho com bons olhos e o valorizamos, porque nos fins de semana nossos filhos estarão ocupados se divertindo na escola e não terão tempo pra usar drogas e estarão longe da violência”. No local também são promovidas palestras com a participação de pais e alunos, abordando diversos temas, como drogas, educação sexual, conservação do patrimônio público.
Cuidar para manter - Os 405 estudantes são conscientes quanto aos cuidados com o patrimônio público. Na estrutura física do prédio não se encontra uma única parede riscada, a limpeza dos banheiros é conservada, o lixo está exatamente onde deve, na lixeira, e os móveis, como carteiras e mesas, estão como novos. O cuidado dos alunos é tanto que as portas de madeira foram substituídas por portas de vidro. “Algumas pessoas criticaram quando decidi colocar portas de vidro, dizendo que eles quebrariam. Mas, olhem, depois de mais de seis meses de colocadas, continuam intactas”, declarou o diretor, apontando para uma das portas.
Os alunos também se tornam multiplicadores das boas ações. Segundo o estudante Rodolfo Coutinho, 13 anos, da 7ª série do ensino fundamental, os veteranos ensinam aos alunos novos como devem cuidar da escola e a importância disso. “Apresentamos a escola para eles e mostramos como é importante mantê-la conservada”.
Não são apenas os estudantes que aprendem a cuidar do colégio. Professores, funcionários (merendeiras, auxiliares de limpeza, secretárias e porteiros) e comunidade também são conscientizados para a preservação. A redução de custos também faz parte da rotina escolar.
Veja as fotos da Escola Edigar Dourado
De acordo com o diretor, antes de adotar a redução de custos, havia muito gasto de energia e água na escola. “Já chegamos a pagar quase R$ 1,4 mil de luz, a conta de água chegava até R$ 1 mil. Achava aquilo um exagero. As contas estavam cada vez mais altas. Então, percebi que muitas lâmpadas ficavam acesas sem necessidade, que as torneiras estavam pingando e as descargas com defeito. Decidi trocar todas as torneiras e descargas. No caso da energia, as lâmpadas são ligadas quando realmente há necessidade, e à noite, quando todos vão embora, todas as luzes são apagadas”.
A iniciativa simples gerou uma economia de quase 70% nas contas de energia e água. A conta de luz, hoje, é de R$ 400 a R$ 500 e a de água de R$ 300. A economia também passa pelo consumo de papel, pilotos, material de limpeza. Os recursos economizados são utilizados para a compra de materiais utilizados nas aulas extracurriculares e nas atividades artísticas e culturais.
Redução da evasão escolar - O exemplo de gestão e a dedicação do diretor renderam bons frutos. Os alunos já não faltam mais às aulas, reduzindo em mais de 80% a evasão escolar, e os pais participam de todas as reuniões. “Mostrei a essas pessoas que não podemos ver a escola como algo chato, que aqui é nosso, que é o nosso lar. Cuidamos disso aqui com muito amor. Não me importo de ficar durante horas pensando em como oferecer mais a essas pessoas. Me sinto gratificado, porque amo esse trabalho”, afirmou, emocionado, Edson, que é muito respeitado na escola e na comunidade.
Fonte: Secom
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