Comunidade escolar no Barbalho relata receio com as provas do ENEM em meio à pandemia

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A avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), marcada para os dias 17 e 24 de janeiro, vem trazendo tensão para as comunidades escolares. Além dos receios naturais provocados pelos desafios da prova, o contexto de pandemia criado pelo novo Coronavírus vem deixando gestores, estudantes e professores preocupados com os possíveis índices de contaminação. Avaliando o problema, a Secretaria Estadual da Educação (SEC), solicitou por duas vezes, neste ano, o adiamento das provas para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo planejamento, pela logística, aplicação e correção do ENEM.

Para o secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues, a melhor decisão seria o adiamento das provas. “Desde o primeiro semestre do ano passado já vínhamos fazendo um movimento neste sentido, porque percebíamos que não poderíamos garantir a saúde dos estudantes e servidores, mesmo com todos os protocolos sanitários. Os índices de contaminação e óbitos ainda são altos e o pensamento do Governo do Estado segue na preservação de vidas", afirmou.

A estudante Anny Gabrielly Coutinho Andrade, 17, do 4º ano do curso técnico de nível médio em Informática, do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Formação e Eventos - Isaias Alves, comenta que a avalição está sendo realizada em um momento delicado, gerando mais riscos para a comunidade escolar. “Estamos vivendo em uma pandemia há quase um ano. Pode ser que para algumas pessoas seja normal retomar algumas atividades antes de a pandemia acabar. Mas existem aquelas que ainda estão se cuidando e são obrigadas a se arriscar. Tem gente que perdeu parentes e está passando por crises psicológicas. Se não estamos tendo aula presencial, por que se faz necessário uma prova agora? Não faz sentido”, avalia a estudante.

Além das questões citadas por Anny Gabrielly, a colega Carolina Valéria Viana de Souza Santos, 17, matriculada no 3º ano do Ensino Médio, teme também todas as possibilidades de contaminação durante o deslocamento. “Moro distante do local da prova. Fico no bairro de Paripe, porém vou ser avaliada em uma escola em outro bairro. É muita desorganização e descaso com os estudantes. Onde moro existem diversos locais para avaliação e fazer a prova perto de casa, de certa forma, diminuiria a exposição em relação à Covid-19”.

De acordo com Maribel Costa Silva, gestora do CEEP Isaias Alves, a escola está preparada fisicamente para as avaliações do ENEM e o retorno das aulas. O local dispõe de três entradas, sendo uma exclusiva para os alunos. As vias internas possuem tapetes sanitizantes, marcação no chão indicando o distanciamento social, pias equipadas com dispensadores de sabão, papel toalha e totens com álcool em gel. Nas salas onde serão aplicadas as provas, as cadeiras estão arrumadas com o espaçamento de um metro e também possuem à disposição dos estudantes álcool em gel para higienização das mãos. Nos banheiros, as entradas possuem tapetes sanitizantes, cartazes informativos sobre regras sanitárias, álcool em gel e sabão. Para a prova do ENEM, os colaboradores que vão trabalhar nos dias das avaliações terão a temperatura aferida e estarão equipados com máscaras.

Apesar das medidas de segurança sanitária, a gestora demonstra receio e insatisfação com a aplicação das provas do ENEM pelo INEP, no meio da pandemia. “Não consigo visualizar argumentos sensatos que justifiquem essas provas neste período. Acredito que o concurso pode colocar a vida do outro em risco por uma justificativa que não procede. A vacina está a caminho, essas provas deveriam ser realizadas após o início da vacinação. A nota deste ENEM não será utilizada no primeiro semestre, então os estudantes não teriam prejuízo em relação ao ingresso já em uma universidade, já que as notas só servirão para o segundo semestre. Se as avaliações fossem adiadas, a equipe iria trabalhar com mais tranquilidade e seria uma atitude mais sensata, principalmente para os alunos”, analisa a gestora.

A preocupação da comunidade escolar é um reflexo dos dados da pandemia no Brasil e na Bahia. De acordo com os dados da Secretaria Estadual da Saúde, até esta sexta-feira (15/01), às 15h, o estado baiano tem registrado 528.539 mil casos de Covid-19, sendo que 10.775 estão ativos. As enfermarias preparadas para os adultos estão com uma taxa de 49% de ocupação, já os leitos de UTI estão com 74%. Na pediatria, as enfermarias estão 62% ocupadas e os leitos de UTI, com 57%.

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