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Daniel Munduruku fala sobre avanços e desafios da educação indígena
Uma aula sobre a cultura e a educação indígenas contada por um integrante da aldeia Munduruku, nascido na aldeia às margens do Rio Tapajós. Foi assim o encontro nesta quarta-feira (05/08) de Daniel Munduruku com professores e estudantes da rede estadual. Pela manhã, o escritor indígena contou histórias do seu povo, da sua vida e falou sobre a importância da educação indígena, em palestra no auditório da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (CAB). À tarde, conversou com estudantes e professores na Biblioteca do Centro Educacional Carneiro Ribeiro – Escola Parque, no bairro da Caixa D’Água.
Nas duas oportunidades, Daniel Munduruku destacou a importância da educação indígena que busca efetivar o direito dos povos indígenas a uma educação de qualidade, valorizando a pluralidade cultural e a identidade étnica. O escritor possui 47 publicações que são voltadas especialmente para crianças e jovens. “A minha literatura permite que as pessoas leiam de forma fácil, se atualizem sobre a realidade indígena e aprendam nas entrelinhas a riqueza da cultura indígena”, afirmou.
“Eu sempre alerto as pessoas que os povos indígenas são completos nas dimensões educativa, econômica, religiosa, espiritual”, Daniel Munduruku
Segundo o escritor, quando se fala na temática indígena em geral, as pessoas carregam um estereótipo a respeito da população indígena. “Eu procuro sempre alertar as pessoas que os povos indígenas são completos nas dimensões educativa, econômica, religiosa, espiritual”, destaca. Ele conta que quando se propõe a conversar com professores e alunos sobre a arte indígena de educar e educar-se, busca trazer um olhar de dentro para fora, mostrando aquilo que os identifica como indígenas.
“Procuro mostrar a nossa diversidade e que não se pode pensar num sistema educativo único para todas as populações indígenas, visto que cada povo tem sua especificidade e cada povo é um povo. É preciso conhecer cada vez mais como esses povos se organizam para que a gente saia dessas ideias equivocadas e preconceituosas que, durante esses 500 anos, foram impingidas dentro da sociedade brasileira”, explica.
Avanços
Em relação aos avanços da Educação Indígena, o escritor acha importante as ações implementadas pelo Governo da Bahia. O Estado foi o pioneiro na aprovação da Lei Estadual nº 18.629/2010, que institui a carreira de professor indígena no quadro do magistério público do Estado da Bahia. A Bahia também foi o primeiro Estado a realizar concurso público para professor indígena, em 2014. No total, são atendidos 8.468 estudantes indígenas oriundos de 16 etnias em 130 comunidades indígenas.
“Isso me dá uma esperança maior de ver que o trabalho que a gente vem fazendo ao longo desses anos todos está surtindo efeito nas pessoas e na gestão pública, devido à criação de políticas públicas para os povos indígenas”, conclui.
A professora de artes, Jucy Eudete Lôbo, assitiu à apresentação de Daniel Munduruku e destacou a importância de se trabalhar a diversidade cultural na sala de aula. “Retratar a cultura indígena no currículo escolar permite que futuras gerações tenham acesso ao conhecimento de como são as nossas raízes”, disse a educadora.
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