Encontro aborda avanços e desafios da Educação Indígena na Bahia

Pesquisadores e escritores indígenas participaram de uma roda de conversa sobre políticas públicas da educação indígenas, nesta quinta-feira (28), no auditório da Secretaria da Educação do Estado da Bahia. Eles socializaram experiências com profissionais da educação, na atividade que teve como tema ‘Abril Indígena pensando onde estamos e onde podemos e precisamos chegar’.
 
A iniciativa faz parte de uma série de colóquios interativos que serão promovidos pela Secretaria da Educação do Estado, ao longo do ano, para que profissionais da educação e convidados compartilhem suas pesquisas em diferentes áreas do conhecimento. A rede estadual de ensino na Bahia atende a 8.468 estudantes indígenas, de 16 etnias, em 130 comunidades.
 
Fotos: Claudionor Jr. Ascom/Educação
Neste primeiro encontro, que teve como foco a Educação Indígena, o pesquisador indígena Taquary Pataxó, da aldeia Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, citou a fala do cacique Lázaro Kiriri, da aldeia Midandela, município de Banzaê, norte da Bahia, sobre educação. “Ouvi dela uma coisa que norteia a minha vida, que a educação que queremos é uma educação onde podemos ser doutor sem deixar de ser índio.” Para Taquary Pataxó, a frase retrata as bases de uma educação que deve considerar os saberes e o modo de vida dos povos indígenas. Nesse sentido, ressaltou algumas conquistas da educação indígena na Bahia.
 
“A implantação da categoria de professor indígena e a formação continuada são grandes avanços, mas ainda é preciso a criação de mais políticas públicas que atendam a realidade, fazeres e conhecimentos tradicionais”, afirma. Taquary Pataxó destaca, ainda, a luta permanente dos povos indígenas contra o preconceito e pela valorização da cultura indígena.
 
Para o escritor indígena Daniel Munduruku, a população indígena é o principal foco de resistência da identidade brasileira e os avanços foram obtidos a partir dessa mobilização. Ele ressalta que “o Governo Estadual tem voltado seus olhos para as demandas dos povos indígenas criando políticas públicas e programas de assistência não somente na educação, como também na saúde e economia indígena e que resultam dessa movimentação”. Além disso, afirma Daniel Munduruku, “o Governo tem se mostrando sensível às reivindicações e atendendo-as na medida do possível. Por outro lado, há muita coisa a se fazer ainda pelos povos indígenas”, destacou.
 
O cacique Wekanã Pataxó, da aldeia Pequi, localizada no município de Prado, reconhece os avanços da Educação Indígena. “O magistério e a licenciatura indígenas são exemplos de avanços importantes e que devem ser levados adiante”, comenta.
 
A atividade ainda contou com apresentações das servidoras da educação e pesquisadoras da educação indígenas Sonja Ferreira e Valuza Saraiva. Além disso, o grupo de teatro Vilavox apresentou a dramatização do conto ‘Roubo do Fogo, do escritor indígena Daniel Munduruku. “O conto trata de uma tradição Guarani a respeito do surgimento do fogo onde um indiozinho consegue despistar os urubus que foram até o sol pegar brasas e acabam levando uma para a aldeia, mostrando que, qualquer um que vá à luta pode ser um vencedor”, afirma a atriz Diane Ramos.

Notícias Relacionadas