Escola Parque abre suas portas para discutir o legado do povo africano

Situada numa região de Salvador que concentra uma população de cerca de 480 mil afrodescendentes, a Escola Parque - Centro Educacional Carneiro Ribeiro, no bairro da Caixa D’Água, comemora o Dia da África discutindo sobre o legado do povo africano: sua história e cultura. Nesta quinta-feira (25/05), das 8h às 11h30, educadores e comunidades participam do Seminário em Celebração ao Dia da África, que acontece no teatro da unidade escolar.

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O entorno da escola Parque inclui a Liberdade – considerado pelo Ministério da Cultura maior bairro negro do mundo fora da África e território nacional da cultura afro-brasileira, pela sua representatividade étnica e cultural. O processo de ocupação negra nessa área (que abrange o Curuzu, Soledade, Lapinha, Sieiro, Japão, Duque de Caxias, Cravinas, Guarani, Jardim São Cristovão e parte do Largo do Tanque e da Baixa do Fiscal) se iniciou com a chegada de libertos e ex-escravos, no final do século XIX, após a abolição da escravatura.
 
Nas primeiras décadas do século XX, a Liberdade, no caso, já se assemelhava a um quilombo: todos os moradores eram negros, muitos eram africanos mesmo, mas a maioria, filhos da escravidão. Cravada numa região com essas características peculiares, a instituição fundada pelo educador baiano Anísio Teixeira, há 61 anos, cumpre importante papel na discussão dos aspectos da língua, da literatura e da religiosidade do povo africano.
 
“O seminário é realizado há quatro anos com o objetivo de ampliar os conhecimentos dos educadores sobre a história e cultura afro-brasileira, em atendimento ao disposto na Lei nº 10.639/03”, pontua a coordenadora Marilene Marques Borges. Desse modo, o evento tem a importância de servir como canal de diálogo entre a escola e a comunidade.
 
Programação –  O Seminário em celebração ao Dia da África contará com três palestrantes. A etnolinguista Yeda Pessoa de Castro, doutora em línguas africanas pela Universidade do Zaire, abordará o tema Línguas africanas no Brasil. Atualmente, ela atua como consultora técnica e professora da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), além de estar à frente do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros em Línguas e Culturas (NGEAALC).
 
Os Fundamentos da religiosidade afro-americana é tema da professor Tyrone Braga Santiago, especialista em História Social e Cultura Afro-Brasileira. Já o professor Josemar Araújo, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), falará sobre O coloquialismo como forma de resistência e marca da cultura afro-americana.

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