Escola Parque é exemplo de integração entre escola e comunidade

Um animado grupo da melhor idade, entre 60 e 90 anos, se encontra no pátio da Escola Parque de Salvador todas as segundas, quartas e sextas, sempre das 7h às 8h. Elas são alunas das aulas de condicionamento físico, promovidas pelo Núcleo de Projetos Especiais – Nupes, da unidade estadual de ensino. Destinado à comunidade dessa faixa etária do bairro da Caixa D´Água e adjacências, o trabalho é realizado há quatro anos. Naquele ambiente acolhedor e divertido, elas dizem ter redescoberto a vida aprendendo a cuidar da saúde física e mental.

Reconhecida nacionalmente pelo projeto de formação pedagógica do cidadão, a Escola Parque de Salvador desenvolve essa e outras atividades de integração com familiares de estudantes e comunidade do entorno, envolvendo 4.500 mil pessoas, entre alunos e população externa, que participam das 70 oficinas oferecidas.

“Nossa escola, que vai completar 61 anos de existência,  se fortalece com a presença da comunidade, incluindo pais de alunos e moradores participando dos nossos projetos, tornando a instituição mais protegida e valorizada”, pontua o diretor Gedean Ribeiro do Nascimento.

A Escola Parque de Salvador integra o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, formado por outras oito unidades escolares. A instituição,  inaugurada em 1950, pelo educador baiano Anísio Teixeira (1900-1971), foi pioneira no Brasil por ter implantado a proposta de educação profissionalizante e em tempo integral. A Escola Parque, em particular, possui 2.900 estudantes matriculados, nos três turnos.

Melhor idade – Copeira aposentada e ex-costureira, Julieta Marques da Silva, 77 anos, é uma das mais animadas da turma. “Sou a contadora oficial”, orgulha-se, explicando que a professora gosta que ela conte alto a sequência dos exercícios porque “a aula fica mais animada”. Ela, que é uma das primeiras a chegar ao grupo, diz ter ganho qualidade de vida. “Me sinto muito bem. Melhorei a saúde física e a autoestima”, garante Bá, como é conhecida.

Dona Almerinda Batista de Araújo, 70 anos, é também uma das 40 “meninas” da melhor idade da Escola Parque. Um problema crônico de coluna a impedia de se locomover. “Vivia deitada e sendo levada para a fisioterapia”, conta. Há dois anos, passou a frequentar as aulas de alongamento da professora Ana Aparecida Dórea. “Foi uma bênção essas aulas. A pró Cida é um brilhante na minha vida”, relata.


A professora Ana Aparecida Dórea dá o seu relato: “Trabalhar com essas senhoras me faz muito bem e é gratificante porque elas são muito comprometidas. Quando cheguei aqui, em 2008, passava por um momento de fragilidade, com a morte da minha mãe, e elas me acolheram com muito carinho”.

Nupes – O bom relacionamento entre escola e comunidade ganhou  reforço com o Núcleo de Projetos Especiais – Nupes, que, desde 2003, dá suporte a todas as ações realizadas na escola. “Ganhamos muito com esse trabalho multidisciplinar porque temos a família dos estudantes dentro da escola e essa parceria contribui para o bom comportamento deles”, avalia a coordenadora do Núcleo, Valdenice Santos.

Para a realização do trabalho, o Nupes dispõe de orientações de psicólogo, psicopedagogo e assistente social, além de orientação jurídica, visando à superação dos distúrbios emocionais, das dificuldades de aprendizagem e dos conflitos sociais e familiares, como explica a professora Alice Marques Ribeiro, psicóloga do Núcleo.

As atividades do Nupes, estão organizadas em cinco linhas de ações. Destaque para as transversais, que desenvolvem dez projetos com a participação da comunidade, entre os quais o Parque da Melhor Idade; Dia “D” da Saúde; Pais para sempre/oficina de cidadania e Saúde e paz na escola.  

Oficinas – As 70 oficinas oferecidas pela Escola Parque são ligadas a diversas áreas, como informação, esporte, jardinagem, artes e tantas outras. A dona de casa Mariluce da Silva, 36 anos, moradora da Caixa D´Água, se matriculou nas oficinas de confeitaria, informática e dança de salão. “Estou tendo a oportunidade de me profissionalizar e, futuramente, poder ter meu próprio buffet”, planeja.

O estudante Uilton Rocha da Conceição, 26 anos, aluno do 3º ano do ensino médio participa da oficina de manutenção de micro. “Tive a sorte de encontrar uma escola pública de qualidade, bons professores e gestores, além dos cursos gratuitos, que não teria condições de pagá-los. Por conta do meu desempenho, fui convidado para fazer parte da monitoria de produção de vídeo”, diz o estudante, que pretende ser jornalista.
 

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