Escolas da rede pública estadual promovem atividades alusivas ao Novembro Negro

O Novembro Negro está sendo marcado por uma série de atividades temáticas nas escolas da rede estadual de ensino. Durante todo o mês e, especialmente na semana que antecede o 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, estudantes e professores intensificam a abordagem da educação para as Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana, tendo em vista que a temática já faz parte do currículo escolar durante todo o ano. A perspectiva é veicular e produzir conhecimentos, atitudes, posturas e valores que promovam a equidade étnico-racial e, consequentemente, contribuam para a garantia do reconhecimento e a igualdade de valorização das raízes africanas no Brasil.

“Trabalhamos nas escolas com a perspectiva da educação inclusiva e, sendo assim, discutir temas ligados à afrodescendência é muito importante para que o jovem se desenvolva aprendendo a respeitar a diversidade e combater o racismo. Queremos que os estudantes tenham no seu cotidiano atitudes afirmativas na luta pela liberdade e não discriminação racial, e que, sobretudo, se orgulhem da história do povo que sempre ajudou na construção do nosso país”, destacou o diretor da Diretoria Regional da Educação (Direc) 1B, Luís Henrique Peixoto.

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A comemoração da data, que faz referência histórica ao episódio da Serra da Barriga, onde 20 mil habitantes construíram Palmares, tendo Zumbi sua maior representação, já é uma tradição no Colégio Estadual Renan Baleeiro, em Salvador. Uma das unidades da rede pública estadual pioneiras na introdução da Lei nº 10.639/03 em seu plano político-pedagógico, o Renan Baleeiro realiza desta segunda-feira (17/11) ao dia 21/11 uma série de atividades – exibição de vídeos, exposição de cartazes, artesanatos, máscaras africanas e culinária típica de países africanos, desfile e festival de arte-educação – para celebrar o mês da Consciência Negra, sob o tema “Porque somos isso”.

“Assumimos o desafio de solidificar em mais um ano o processo de construção identitária do afrodescendente em nossa escola e legitimar, a cada dia, uma educação focada na diversidade étnicoo-racial. O passado de negação da tradição africana, a condição de escravizar e o estigma de ser um objeto de uso como instrumento de trabalho dão lugar às atividades afirmativas, por meio das quais os estudantes podem analisar e respeitar a cultura afrodescendente que constitui as nossas concepções sobre quem somos nós”, afirma o diretor José Mário Zeferino.

Cidade negra – Empolgados, os estudantes falam do Novembro Negro como uma iniciativa já consolidada no Renan Baleeiro. “Acho muito importante o meu colégio dá uma acentuação ao Novembro Negro. Afinal, a África teve um papel fundamental na nossa formação. E pensar que Salvador é a cidade do país que tem o maior percentual de negros em sua população, temos que conhecer melhor sobre os nossos antepassados e tudo que eles trouxeram para a nossa culinária e cultura em geral”, afirma Aline dos Santos Nascimento, 19 anos, 3º ano.

O colega Leandro dos Santos, 18 anos, completou: “É uma data oportuna para os negros serem lembrados pelos seus feitos no País, seja no esporte, na música, nas ciências. O racismo é algo primitivo demais”. Carla Souza, 17 anos, também quis dar o seu testemunho: “Trazer as nossas raízes para a cidade mais negra do País é necessário para que possamos saber quem somos e o que veio antes de nós”. Samuel de Souza, 17 anos, considera que conscientizar os alunos sobre a importância de discutir a temática é uma forma de combater a discriminação. “Através do conhecimento teremos uma maior dimensão da importância do povo afrodescendente para o Brasil”

Já os estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Ana Lúcia Castelo Branco, no município de Brejões, estão voltados, desde o último dia 11, para a realização do projeto interdisciplinar “Africamos III”. As atividades, que tiveram início com palestras sobre a temática e prossegue até esta terça-feira (18/11), culminarão no dia 20/11, com apresentações artística-culturais, na praça Barracão do Povo.

“Sentimos a necessidade de trabalhar a africanidade e a afrodescendência no nosso colégio, onde temos alunos afrodescendentes em sua maioria. Nossa proposta é abrir esse espaço de discussão para a formulação e reformulação de conceitos, na intenção de que alunos, professores, pais e comunidade em geral possam se envolver em uma educação voltada para a formação de valores e posturas que contribuam para que a população valorize o seu pertencimento étnico-racial, fortalecendo a dignidade e a promoção da igualdade real de direitos”, ressalta a professora orientadora Sueli Moura.

Sons do Silêncio – Também dentro das comemorações do Novembro Negro, a Associação Educacional Sons no Silêncio (Aesos) – que mantém convênio de cooperação técnica com a Secretaria da Educação do Estado da Bahia e é mantenedora do Centro Educacional Sons no Silêncio (Cess), que atende estudantes surdos, realizou, nesta segunda-feira (17/11), o seminário “África, Brasil e você”. Na mesa redonda, composta por palestrantes de diversos países da África, como Angola, Togo, Guiné-Bissau e Senegal, que moram há algum tempo no Brasil, a história desses países foi contada, a partir da temática “A África que não conhecemos”.  A culminância do evento se deu com a apresentação musical por alunos surdos do Cess.

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