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Ex-presos políticos falam em videoconferência sobre a ditadura militar no Brasil
Uma plateia atenta, formada por estudantes do ensino médio e docentes da rede estadual, além de gestores escolares e diretores das Diretorias Regionais de Educação (Direc), ocupou o auditório do Instituto Anísio Teixeira (IAT), nesta quinta-feira (26/09), para participar de uma videoconferência sobre a ditadura militar no Brasil.
O evento, transmitido para as salas de videoconferência das Direc em todo o estado e pela Internet, por meio do Portal da Educação, integra o conjunto de ações do projeto Ditadura Militar Direito à Memória: 50 anos do golpe militar de 1964, desenvolvido pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia, em parceria com a Secretaria da Cultura do Estado.
Na abertura da videoconferência, o secretário da Educação em exercício e ex-preso político, Paulo Pontes, a superintendente de Desenvolvimento da Educação Básica, Amélia Maraux, o secretário estadual de Cultura, Albino Rubim, e o também ex-preso político Ivan Alves Braga destacaram a importância do evento no sentido de estimular as reflexões e discussões sobre um dos períodos mais duros da história do Brasil, em nome do direito à memória e ao conhecimento histórico.
“Esta conferência ligada ao projeto sobre a ditadura militar é apenas o início de uma série de atividades que se estenderá até abril do ano que vem. Em termos de mobilização, o que nos interessa na Secretaria da Educação é que nossos jovens estudantes se apropriem de conhecimentos para não deixar que aqueles tempos voltem no País”, destacou Paulo Pontes.
O secretário da Educação em exercício, lembrou que o Brasil saiu de uma situação de autoritarismo, perseguição e tortura do ponto de vista político, social, cultural, sexual e comportamental e entrou em um processo democrático, ressaltando a importância do movimento das “Diretas Já!” e do reconhecimento dos povos indígenas e dos direitos das mulheres, por exemplo, para a consolidação dessa fase de reconstrução dos direitos fundamentais da sociedade.
"Nós que somos de uma geração mais recente, temos que adquirir conhecimentos sobre o que a ditadura militar causou ao Brasil. Estou aqui, hoje, justamente para ganhar mais esclarecimentos sobre esse episódio. Só assim estaremos preparados para não deixar que um novo golpe seja dado no nosso país" - Anderson Silva, 16 anos - Estudante
O secretário Albino Rubim, por sua vez, afirmou que o direito à memória em relação à ditadura militar deve ser um dos primeiros deveres “de todos nós para que a sociedade não permita nunca mais que uma tragédia como essa, cercada de muita tortura e censura, se abata novamente sobre o nosso país”. A vigência de um período como aquele, completou, “é extremamente prejudicial a uma convivência democrática e de justiça social”.
Aula pública – Após a abertura da videoconferência, o professor de história e ex-preso político José Carlos Souza ministrou uma aula pública com a temática da ditadura militar. A estudante Karina Figueiredo, 18 anos, do 3º ano do Colégio Aplicação Anísio Teixeira, acredita que é importante o conhecimento da história para não permitir retrocessos políticos-sociais. “A nossa geração, que não viveu aquele momento de golpe militar, precisa estudar bastante sobre o assunto, não pode se dispersar. A gente tem que lutar sempre para que o passado ruim nunca volte”, opinou.
O colega Anderson da Silva, 16 anos, também deu seu parecer: “Nós que somos de uma geração mais recente, temos que adquirir conhecimentos sobre o que a ditadura militar causou ao Brasil. Estou aqui, hoje, justamente para ganhar mais esclarecimentos sobre esse episódio. Só assim estaremos preparados para não deixar que um novo golpe seja dado no nosso país”.
Direito à Memória – Lançado no mês de julho, o projeto Ditadura Militar Direito à Memória – 50 anos do golpe militar de 1964 busca fomentar nas unidades escolares a discussão sobre esse período da história do país. Professores e estudantes do ensino médio são convidados a condensar suas reflexões e experiências em material audiovisual, que será exibido em uma mostra de vídeos nos dias 2, 3 e 4 de abril de 2014.
Os vídeos podem ter conteúdo artístico-literário, incluindo peças teatrais, textos, músicas, poesia, pintura, desenho, charges e cordel. A seleção inicial fica sob a responsabilidade da Direc e a avaliação vai observar critérios como a adequação linguística, conteúdo compatível com o tema proposto, correção gramatical, criatividade, estilo, estrutura textual, vocabulário e qualidade literária. Também podem ser feitos registros de visitação em espaços públicos que foram utilizados como centros de prisão e tortura, ou ainda a gravação de depoimentos e entrevistas com ex-presos políticos e familiares.
Para subsidiar as unidades escolares na discussão da temática em sala de aula, o Portal da Educação disponibiliza bibliografia especializada, biblioteca virtual, livros de autores baianos, artigos, filmes, documentários, músicas, galeria de fotos, entre outros materiais, além de produções bibliográficas.
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