Governo do Estado realiza solenidade que marca alteração do nome do Colégio Estadual Stiep Carlos Marighella

O Governo da Bahia, por meio da Secretaria da Educação do Estado, realiza, nesta sexta-feira (11/4), às 14h, a solenidade de mudança de nome do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici para Colégio Estadual Stiep Carlos Marighella. O evento, que vai contar com a presença do secretário da Educação, Osvaldo Barreto, e da comunidade escolar acontecerá na própria unidade, localizada no bairro do Stiep, em Salvador.

A troca do nome do Colégio, publicada no Diário Oficial do dia 14 de fevereiro, por meio da portaria nº 865/2014, atendeu à uma antiga reivindicação da comunidade, que realizou eleição e se mobilizou com este objetivo. “Esse movimento mexeu com todos nós porque veio sendo construído coletivamente e tomando corpo. Este ano, tivemos a iniciativa de realizar o processo, no qual os estudantes se envolveram bastante, aprofundando a discussão sobre a ditadura”, relata a vice-diretora da unidade, Jane Medrado.

 

Para estudantes, professores e gestores, a mudança significou uma motivação para o conhecimento mais profundo da história baiana e brasileira, por meio de personalidades que estiveram em lados opostos, defendendo interesses político-sociais distintos.  

Os alunos, em especial, revelam que se sentiam incomodados de estudar em um colégio batizado com o nome do ex-presidente da República, apoiador do golpe civil-militar de 1964. “Achei muito importante essa mudança porque nosso colégio levava o nome de um ditador, e isso trazia um desconforto pra gente. Mas, hoje, já podemos dizer que a nossa escola tem o nome de um político revolucionário, que lutou pela democracia do País”, declara Gabriel Mamtoam, 16 anos, 3º ano.

O colega Lucas Cardoso, 17 anos, enaltece o nome de Carlos Marighella. “Pesquisei muito sobre a vida dele, e, também, conversei com meus tios, que acompanharam sua trajetória. Pude constatar o quanto ele foi importante para a história do País”.

O professor de filosofia, Alexandre Lopes, também avalia com um olhar positivo a atitude da comunidade escolar de decidir pela mudança do nome do colégio. “Dentro do processo democrático em que estamos vivendo, é importante que todos os cidadãos possam fazer uma análise crítica da história política de seu país. E, nesse processo de debate, realizado na escola, sobre a ditadura militar, constatamos que, a partir da leitura histórica dos fatos, podemos promover uma transformação do futuro”, disse. Além disso, completa o docente, a discussão permitiu que os estudantes refletissem sobre o que significou a ditadura para o País e as suas consequências.

Processo – A diretora do colégio, Aldair Almeida Dantas, explica que o processo de mudança do nome da unidade foi iniciado a partir de uma série de ações, que culminaram com a eleição. Antes, conforme explica a gestora, foi feita uma consulta para saber se a mudança ainda era um desejo da comunidade. “Fizemos um trabalho de apresentação sobre o presidente Garrastazu, para que os estudantes conhecessem essa personalidade, e os nomes sugeridos pelo colegiado escolar – Carlos Marighella e Milton Santos – foram colocados em votação”.

Puderam participar da eleição estudantes, pais, funcionários e professores. Votaram, no total, 658 pessoas, sendo que 461 votos foram para Carlos Marighella e 132, para o geógrafo Milton Santos. Os demais foram 30 nulos e 35 em branco. Nascido em Salvador, no dia 5 de dezembro de 1911, Carlos Marighella foi um político, guerrilheiro e poeta brasileiro, que se destacou entre os principais organizadores contra o regime militar instituído a partir do golpe de 1964. O revolucionário tornou-se militante profissional em 1934 e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na reorganização do Partido Comunista Brasileiro e fundou, em 1968, a Aliança Libertadora Nacional (ALN). Marighella foi morto em uma emboscada preparada pelos militares, no dia 4 de novembro de 1969.

Ditadura – A mudança de nome da unidade está inserida em um conjunto de ações do projeto Ditadura Militar - Direito à Memória: 50 anos do golpe de 1964, desenvolvido pela Secretaria da Educação do Estado, em parceria com a Secretaria de Cultura, desde o ano passado. No início de abril, foi realizado, no Complexo Cultural dos Barris, um ciclo de ações, com o lançamento do livro Mortos e Desaparecidos Baianos, palestras, exibição de filmes e documentários, oficinas de grafite, exposição de fotos, feira de livros, apresentação de trabalhos acadêmicos e projeção de vídeos protagonizados por professores e estudantes do ensino médio da rede pública.

A Secretaria da Educação disponibiliza aqui uma importante ferramenta virtual para que estudantes, professores da rede e sociedade possam ter acesso a conteúdos relativos a esse momento da história do Brasil. Estão disponíveis artigos, fotos, vídeos, bibliografia especializada, biblioteca virtual e indicações de canções, filmes e documentários sobre a temática.

 

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