Melhor resultado do Ideb de Ensino Médio Indígena é de escola estadual da Bahia

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O Colégio Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas, situado na Aldeia Mãe do Povo Tuxá, no município de Rodelas (BA), se destacou entre as melhores escolas públicas do Brasil na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). No resultado divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), a unidade obteve o melhor desempenho entre as escolas indígenas de Ensino Médio do país, com a nota 5,3. O colégio estadual, que oferta todas as etapas da Educação Básica, também apresentou um ótimo desempenho tanto nas séries iniciais (nota 5,4) como nas séries finais (nota 6,3) do Ensino Fundamental.

O Ideb avalia os estudantes utilizando a taxa de aprovação das escolas e os resultados são avaliados através do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), de Matemática e Português, aplicadas nas turmas de 5°e 9° ano do Ensino Fundamental e 3° ano do Ensino Médio. A secretária da Educação do Estado da Bahia, Rowenna Brito, comentou o bom resultado. “A Bahia vem se destacando pelo trabalho realizado na Educação Índigena. Esta é uma prioridade do governador Jerônimo Rodrigues, que tem investido para o fortalecimento do Magistério Indígena e garantido que os povos tradicionais possam ter as melhores oportunidades, sem sairem das suas próprias comunidades”.

"Foi com muita felicidade que recebemos a notícia sobre o Ideb do Colégio Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas. O resultado é a constatação de que o trabalho coletivo da nossa gestão tem dado certo. Não estamos falando apenas de número, mas de todas as ações que proporcionaram uma boa avaliação para o colégio", analisa a diretora de Educação dos Povos e Comunidades Tradicionais da SEC, Poliana Reis.

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A coordenadora pedagógica do colégio, Tayra Arfer Jurum Tuxá, afirma que esta conquista é "o nosso feedback positivo". "Este desempenho nos mostra que estamos no caminho certo, que a Educação Escolar Indígena específica e diferenciada funciona, porque é fundamentada na coletividade e na interculturalidade e suas práticas pedagógicas partem do chão da aldeia, fortalecendo a identidade do educando. O entrelaçamento dos saberes ancestrais e conhecimentos convencionais torna a aprendizagem significativa e efetiva. Tenho muito orgulho de nossa escola por mostrar para a sociedade que a Educação Escolar Indígena é referência de educação que transforma”.

Para Tayra, o resultado demonstra, ainda, o compromisso e a dedicação de toda equipe do colégio que desenvolve projetos riquíssimos em cultura e a valorização dos saberes indígenas, os entrelaçando pedagogicamente com os conhecimentos da base comum necessários para a formação integral dos estudantes. Ana Beatriz Cá Arfer Jurum Tuxá, uma das 260 estudantes do colégio, cursando o 2º ano do Ensino Médio, comenta sobre a conquista. ”É muito gratificante estudar aqui. Tenho muito orgulho que a nossa escola está no caminho certo, que somos representatividade. O resultado do Ideb mostra isso. Toda família do colégio cuida do bem-estar de cada um e isso é muito importante no resultado dos alunos, tanto individualmente como coletivamente. A unidade tem uma educação específica e diferenciada, que além de nos ensinar os conteúdos convencionais também nos ensina sobre a nossa história, cultura e tradição”.

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O professor de Ciências da Natureza e Matemática, Elton Fábio Santos Vieira, também comemora o desempenho na avaliação do Ideb. “Nosso trabalho se assemelha ao das formiguinhas, que, de maneira individual, mas com grandes intervenções coletivas, incluindo direção, professores, funcionários e comunidade. O trabalho gera interdisciplinaridade entre as áreas, mostrando aos nossos discentes o conhecimento dos não índios, em paralelo com a nossa cultura, abordando aspectos desde a nossa língua ancestral à química existente em nossos artesanato, pinturas e tingimentos, passando pela física que existe por trás de nossas tecnologias cotidianas e o trabalhos com a nossa oralidade, que conta e reconstrói a nossa história. Dessa maneira, nossos alunos Tuxá se apropriam do conhecimento não indígena de maneira significativa, por ter essa conexão com o nosso cotidiano, potencializando nossos costumes e nossas práticas, bem como compreendendo a territorialidade do nosso povo, tanto no passado como presente, atrelado ao nosso Opará (Rio São Francisco) e ao bioma caatinga”, ressalta o professor.

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