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Pesquisadora do Sul da Bahia cria bioetanol à base de cacau
Do cacau são obtidas as cascas e do malte, o bagaço. Elizama explica como funciona o processo de transformação. “A hidrólise consiste em submeter os resíduos a uma primeira etapa com solução ácida fraca e calor para, posteriormente, aplicar soluções enzimáticas. As melhores condições destas etapas foram investigadas de forma a se obter maiores concentrações de açúcares fermentescíveis”, disse. Segundo ela, os resultados obtidos são promissores, pois permitiram a redução de cerca de 50% da massa de resíduos e com a continuidade dos estudos será possível otimizar a hidrólise e a fermentação.
A professora ressalta o fato de a região de Ilhéus ser uma produtora histórica de cacau no Brasil e que as cascas são acumuladas no campo logo após a quebra do fruto para obtenção da polpa e das sementes. “O acúmulo destas cascas no campo pode, por exemplo, resultar em um foco de contaminação do fungo causador da doença ‘vassoura-de-bruxa’ que já trouxe muitos prejuízos à região. Assim, é de grande importância apresentar novas aplicações para este resíduo. Além disso, devido à crescente popularização da produção de cervejas artesanais em todo o território nacional, foi também selecionado o bagaço de malte para ser empregado em combinação com as cascas de cacau. O bagaço é gerado durante a produção das cervejas, logo após a etapa de malteação”, destacou.
Um importante diferencial acadêmico deste trabalho, conforme Elizama, é a investigação da mistura de dois resíduos agroindustriais, visto que a maioria dos estudos de hidrólise realizados são focados em apenas um resíduo. “Isso confere um diferencial ao nosso estudo e nos apresenta o desafio de definir as melhores condições de hidrólise que permitam atuar sobre dois resíduos que possuem diferentes composições químicas. Assim, podemos propor uma alternativa para estes resíduos de forma simultânea, sendo que, futuramente, mais resíduos podem ser investigados em conjunto”, declarou.
As próximas etapas do projeto, que está pausado devido à pandemia de Covid-19, darão continuidade aos estudos, aprimorando as etapas de hidrólise, para que seja possível aumentar a quantidade de açúcares redutores obtidos e, desta forma, conseguir aumentar o rendimento do processo fermentativo. “Propor alternativas eficientes para resíduos agroindustriais é uma demanda recorrente e a consequente produção de bioetanol é extremamente vantajosa e necessária. Além disso, a continuidade desta linha de pesquisa envolve a participação direta de mais estudantes, com a Uesc contribuindo com a formação de profissionais conscientes e engajados em questões ecológicas e energéticas”, completou.
O trabalho contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e foi realizado em parceria com o Laboratório de Microbiologia Aplicada da Agroindústria (Labma-Uesc), coordenado pelas Professoras Ana Paula Uetanabaro e Andréa Costa. “Contamos ainda com o apoio das empresas Prozyn (São Paulo) e LNF (Bento Gonçalves) que doaram alguns reagentes”, finalizou Elizama.
Fonte: ASCOM/UESC
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