Projeto cria novas formas de aproximar teorias sociológicas de estudantes da rede estadual em Itabuna

Uma iniciativa do Colégio Estadual Dona Amélia Amado, no município de Itabuna, vem despertando, nos estudantes do ensino médio da unidade, o interesse pela sociologia. Idealizado e coordenado pela professora Tereza Cristina Fidelis, o projeto “A Sociologia e a Fotografia do Cotidiano” busca, por meio da linguagem fotográfica, aproximar os estudantes da pesquisa científica e das teorias de Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim, relacionando-as com as imagens do cotidiano.

Fotos: Arquivo do Colégio

De acordo com a professora, o projeto surgiu a partir de um curso de formação de professores, oferecido pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia, em 2011. “Com a participação no curso de formação, os professores foram incentivados a desenvolver projetos de iniciação científica na escola”, relata a educadora de sociologia. O projeto foi iniciado no mesmo ano, com estudantes do 2º e do 3º ano do ensino médio.

“Antes de iniciar a atividade, os estudantes passam por uma oficina de fotografia, quando aprendem noções básicas. Em campo, eles fotografam cenas do cotidiano e, em sala de aula, estabelecem correlações entre as fotografias e as teorias estudadas”, conta a professora. “Os estudantes selecionam as fotografias de acordo com as teorias que cabem em cada foto, seja com relação à discussão sobre a “mais-valia”, as relações de trabalho ou relações sociais”, acrescenta.

Todo o processo é registrado em um diário, e, posteriormente, em um relatório de pesquisa. O material elaborado pela primeira turma do projeto, com base nas imagens coletadas em Itabuna, já foi apresentado, em 2012, na Feira de Ciências da Bahia, em Salvador, e, também, na 18ª Feira Ciência Jovem, em Olinda (PE). Em 2013, o projeto chegou à Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), em São Paulo (SP).

Conhecimento – Integrante da primeira turma do projeto, Dalila França dos Santos, 18 anos, agora é estudante de direito. Segundo Dalila, a pesquisa possibilitou uma ampliação da sua formação. “A partir do momento em que começamos a fotografar, deixamos de trabalhar apenas com a teoria e passamos a vivenciá-la na prática. Eu nunca tinha saído do Sul da Bahia, e o projeto me deu a oportunidade de enriquecer o meu conhecimento, de conhecer outros locais, outras culturas e conviver com pessoas de todos os estados brasileiros. Foi um crescimento pessoal”, disse.

A professora Tereza Cristina Fidelis explica que a iniciativa contribuiu de maneira eficaz para o ensino da sua disciplina. “Somente com o projeto consegui dar conta das teorias fazendo com que os estudantes entendessem e, com isso, eles se modificassem. Há uma mudança de postura em relação aos estudos. Eles têm um foco maior no aprendizado, melhoram a escrita e a expressão oral e a gente mostra para o aluno que ele é capaz, que pode protagonizar o conhecimento e ir além”, frisa.

A próxima turma do projeto já se prepara para ir a campo. Dessa vez, as fotografias irão registrar o cotidiano do Assentamento Terra Vista, no município de Arataca.

Contribuições – O projeto “A Sociologia e a Fotografia do Cotidiano” despertou não apenas o interesse dos estudantes, mas também de outros professores que, juntos, formaram o Grupo de Ensino e Pesquisa do Colégio Estadual Dona Amélia Amado (Gepa). Atualmente, o grupo abriga 12 projetos de disciplinas variadas e conta com oito professores e cerca de 40 estudantes.

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