Povos Indígenas

Povos Indígenas

Índios são os habitantes originários das terras do continente americano antes da invasão européia.  As Nações Unidas definem que “as comunidades, os povos e as nações indígenas são aqueles que, contando com uma continuidade histórica das sociedades anteriores à invasão e à colonização que foi desenvolvida em seus territórios, consideram a si mesmos distintos de outros setores da sociedade, e estão decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às gerações futuras seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de sua existência continuada como povos, em conformidade com seus próprios padrões culturais, as instituições sociais e os sistemas jurídicos”.

A enorme diversidade sociocultural e étnica dos indígenas brasileiros é estimada, no século XVI, quando Cabral chegou ao Brasil, em cerca de 5 milhões de índios, de mais de 1000 etnias e falantes de mais de 1.300 línguas. Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa - IBGE o último Censo, realizado em 2010, revelou que a população indígena no Brasil é constituída de 896, 9 mil  indígenas, sendo 36,2% residentes em área urbana e 63,8% na área rural, pertencente a 305 etnias e falante de 274 idiomas.  (http://www.ibge.gov.br/indigenas/index.htm)

Algumas idéias equivocadas sobre os índios:

  • "são todos iguais": desconhece-se e nega-se a grande diversidade sociocultural e lingüística entre os povos indígenas, somente na Bahia são reconhecidas 16 etnias indígenas, que vivem, cada uma dessas, conforme suas tradições culturais e organização social, política, econômica próprias;
  • "são do passado": primeiro, nega-se a presença dos povos indígenas como parte da população brasileira e como integrantes do futuro do país; segundo, considera-se o índio como representante da "infância" da humanidade, como remanescente de um estágio civilizatório há muito ultrapassado pelos "civilizados";
  • "os índios não têm história": decorrente da noção anterior, baseia-se na falsa certeza de que os povos indígenas "pararam no tempo", "não evoluíram", vivem como na "nossa" pré-história. Como conseqüência, imagina-se erroneamente que as sociedades e culturas indígenas não se transformam, não se desenvolvem, e que suas tradições são absolutamente imutáveis;
  • "são seres primitivos", "atrasados", que precisam ser "civilizados": nega-se aos povos indígenas o direito à autodeterminação e à autonomia de suas escolhas e desqualifica-se seu patrimônio histórico e cultural. Isto impede que se admita e reconheça a existência de ciências e de teorias sociais indígenas, de uma arte e religião próprias etc;
  • "são aculturados", não são mais "índios": imagina-se que quando os povos indígenas alteram alguns aspectos no seu modo de viver tornam-se "aculturados", deixam de ser "autênticos" e não podem mais reivindicar terras ou outros direitos relativos à condição de índios.


Existem contradições entre o que é aprendido na escola e noticiado na mídia e a realidade dos povos indígenas em geral, especialmente os índios do Nordeste. Em geral dizem respeito que nesta região os índios foram extintos ou estão em vias de extinção.

Como o conjunto dos povos indígenas habitantes do Nordeste brasileiro, as muitas etnias indígenas baianas passaram por um período de invisibilidade histórica, política e cultural, marcadamente durante o século XX, sob o estigma da denominação de “caboclos”, ou seja, categoria de assignação mestiça, deslegitimadora de qualquer pretensão de reivindicar uma especificidade étnica e cultural.

No estado da Bahia, assim como acontece no Nordeste, essa concepção cria um grave equívoco, em que os indígenas sequer são considerados índios, pois não correspondem aos traços fenotípicos dos chamados povos da floresta, estereótipo do índio brasileiro. Os povos que são reconhecidos como tradicionais, seus representantes são vistos como remanescentes, perpetuando a lógica da extinção. No entanto, a real história dos índios dessa região aponta para o caminho inverso, o de resistência e de emergência, não só populacional quanto cultural.

Se na década de 1920 eram reconhecidos cinco povos, hoje aponta-se para a existência de 46 povos identificados e em processo de identificação, totalizando uma população de 70 mil pessoas. É importante ressaltar que o conceito de Região Nordeste aqui adotado está em conformidade com o que é apontado pela APOINME – Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo, que abrange os estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Sergipe, Minas Gerais e Espírito Santo, ficando de fora, portanto, os estados do Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte.

Vivem na Bahia atualmente cerca de mais de 37 mil indivíduos representando 16 grupos étnicos: Atikum, Kaimbé, Kantaruré, Kariri-Xocó, Kiriri, Payayá, Pankararé, Pankarú, Pataxó Hãhãhãe, Pataxó, Truká, Tumbalalá, Tupinambá, Tuxá, Xacriabá e Xukuru-Kariri.

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