Ação pedagógica em Capim Grosso valoriza cultura afro-brasileira

Os estudantes do Colégio Estadual Edna Moreira Pinto Daltro, em Capim Grosso, participam do Projeto Educativo Cultural Afro Som, voltado à valorização da cultura afro-brasileira. A iniciativa contempla música, dança, teatro e envolve disciplinas como história, filosofia, artes, sociologia e educação física. Dentre outras ações pedagógicas, estão rodas de conversa e até seminários, com professores, estudantes, que ultrapassam os muros da unidade escolar, envolvendo, também, a comunidade do entorno.

O professor de educação física, José Kleber Andrade, coordenador do projeto, diz que a iniciativa foi inspirada na Lei nº 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino. Ele explica que 40 estudantes do ensino médio estão inseridos no projeto, que realiza oficinas, de segunda a sexta-feira, das 17h às 19h.

Fotos: Arquivo do colégio

Duas vezes na semana, também ocorrem debates sobre diferentes aspectos da cultura afro-brasileira, a exemplo da religiosidade, da arte, da música, da dança e da culinária.  As oficinas e debates compreendem, ainda, questões como as relações étnico-raciais, a discriminação, o preconceito e trata de temas transversais como bullying, combate às drogas, violência e respeito às diferenças.

“Nossos debates tratam até da relação com o outro na sala de aula, do respeito ao professor. Assim fazemos um acompanhamento escolar. A ideia do projeto é a formação cidadã. Não à toa que nosso lema é: Afro som, o barulho que pensa. A proposta é fazer com que, por meio desse “barulho”, desse debate, dessa dicotomia arte e reflexão, possamos contribuir para o desenvolvimento da cidadania”, acredita.

A diretora da unidade, Jânia Gomes Souza, diz que o projeto tem repercutido positivamente na vida dos estudantes. “A gente observa que eles estão mais disciplinados, passam a ter mais compromisso e responsabilidade com a escola”, afirma. “Até mesmo a família nos aborda para agradecer pela mudança de postura. Os pais nos agradecem porque os filhos estão mudando para melhor”, acrescenta o professor.

Cristian Costa Moura, 16, estudante do 2º ano do ensino médio, afirma que se tornou outra pessoa depois que entrou no projeto. “O projeto tem feito a diferença na minha vida porque acaba sendo uma fonte de pesquisa, e isso me estimula a estudar. Confesso que meu desempenho ano passado foi péssimo e agora estou mais interessado, mais concentrado”, comemora.

Apresentações – As ações do Projeto Educativo Cultural Afro Som também visam a  um retorno social. Por isso, apresentações de dança, música, teatro e minicursos são realizados com a comunidade e em instituições públicas. No próximo dia 28, por exemplo, os alunos deverão se apresentar na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), campus IV, em Jacobina, durante evento promovido pelos estudantes de educação física da Uneb.

“O ganho intelectual com essas experiências de troca, de viagens, é muito grande. Recentemente, eles foram para Salvador e conheceram a cultura afro-brasileira a partir da ótica das bandas Olodum e Didá. Aqui na microrregião, os alunos participam de seminários itinerantes, criam e apresentam slides, levam o que aprendem para outras escolas, grupos da sociedade civil. Isso tudo tem sido, realmente, gratificante”, festeja o professor José Kleber.

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