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Atividades dinamizam aulas no Centro Noturno de Senhor do Bonfim
Após um dia de trabalho como pedreiro, não é nada fácil para Edelício dos Reis França enfrentar uma segunda jornada em sala de aula. O jovem, de 28 anos, chegou a parar de estudar, mas a implantação do Centro Noturno de Educação da Bahia (Ceneb), em Senhor do Bonfim (375 km de Salvador), que está no segundo ano de funcionamento, deu um novo fôlego para Edelício e muitos trabalhadores como ele, que anseiam por concluir o ensino médio e dar continuidade aos estudos.
Assim como Edelício dos Reis, mais de 5.500 estudantes no Estado estão em Centros Noturnos, distribuídos, além de Senhor do Bonfim, nos municípios de Salvador, Vitória da Conquista, Feira de Santana, Campo Formoso, Itamaraju, Conceição do Coité, Cachoeira e Jacobina.
“Eu tive que parar de estudar por causa do trabalho. Era muito cansativo trabalhar o dia todo e, ainda, frequentar as aulas. Não conseguia prestar atenção”, conta o estudante do 1º ano do ensino médio. “No Ceneb, é mais fácil aprender, porque as aulas são mais práticas que teóricas. Fica mais fácil de entender o assunto”, considera o aluno.
O Ceneb é voltado, especialmente, para estudantes trabalhadores do ensino médio, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e da Educação Profissional, que não podem frequentar a escola no turno diurno. A proposta pedagógica é pautada em três dimensões: mundo do trabalho, ciência e tecnologia e arte e cultura, dialogando com os diversos componentes curriculares da educação básica e dando um novo significado ao ensino noturno.
Aprendendo com a prática – De acordo com a professora de física e matemática, Gislene de Matos Silva, o planejamento das atividades realizadas no Centro é desenvolvido no sentido de motivar os alunos a aprender e aproximá-los do conhecimento. “Nós mostramos para os estudantes como trabalhar as disciplinas de forma prazerosa, a partir de experimentos, e eles percebem que a matemática e a física estão em tudo”, disse.
"No Ceneb, é mais fácil aprender, porque as aulas são mais práticas que teóricas. Fica mais fácil de entender o assunto", Edelício dos Reis.
Para ensinar, por exemplo, as grandezas da matemática e os elementos da circunferência, os professores utilizam as formas do beiju, alimento que tem sua matéria-prima encontrada em abundância na região. “Chamamos esse experimento de beijumetria. Utilizamos um alimento que faz parte do dia a dia dos nossos alunos para trabalhar conceitos de física e matemática. Fazemos com que os estudantes tenham um conhecimento científico sobre a prática que eles já exercem”, considera o professor de matemática Prudente Barbosa Filho.
Rita de Cássia Ferreira de Souza, 61 anos, estudante do 1º ano do ensino médio, aprova a iniciativa. “Na aula, a gente não só aprende matemática, mas também, a fazer o beiju e a entender que ele pode ser uma fonte de renda. Se uma pessoa tem uma renda curta, mas tem uma roça de mandioca em casa, já pode tirar o sustento disso”.
Mundo do Trabalho – Foi em uma das aulas do Centro Noturno que a estudante do 3º ano do ensino médio, Ângela Maria Ribeiro Rocha, 20 anos, aprendeu o ofício que exerce hoje. Em uma oficina, a estudante descobriu como garantir renda, por meio da ornamentação de garrafas. “Eu fiquei desempregada e vi, na decoração das garrafas, uma chance de ganhar dinheiro. Na aula, a professora ensinou a ornamentar garrafas de licor e a como calcular o preço final da garrafa, de acordo com o que a gente gasta na produção. Hoje, eu diversifiquei. Decoro outros tipos de garrafas e até potes para doce”.
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