Bahia lançará diretrizes para reger a educação quilombola

O Estado da Bahia se prepara para lançar as primeiras diretrizes curriculares estaduais para a educação escolar Quilombola do País. A versão preliminar do documento foi apresentada pelo Conselho Estadual de Educação ao Fórum de Educação Quilombola da Bahia, na sexta-feira (12/04), no Instituto Anísio Teixeira, em Salvador. O texto é fundamentado nos documentos da Conferência Nacional de Educação (Conae), nas Diretrizes Curriculares Gerais para a Educação Básica e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, instituídas em agosto de 2012.

O processo de construção das Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Quilombola na rede pública de ensino do Estado da Bahia contemplou audições realizadas junto a 380 comunidades quilombolas baianas nos anos de 2010 e 2011. Em 2012, a Secretaria da Educação do Estado instituiu uma comissão especial que, com base nas escutas, elaborou o texto, submetendo-o à avaliação do Conselho Estadual de Educação.

O conselheiro Sílvio Humberto informa que “nesta primeira devolutiva, o Conselho apresenta um documento adequado às diretrizes nacionais”. Sílvio Humberto também adianta que a finalização deve acontecer entre os meses de junho e julho, já que outras fases serão cumpridas para garantir o real atendimento às necessidades das comunidades quilombolas. “Examinamos artigo por artigo. Depois que concluirmos as alterações ainda solicitadas pelas comunidades, convidaremos estudiosos e intelectuais a conhecerem o documento”.

Expectativa – A técnica da Coordenação de Educação para a Diversidade da Secretaria da Educação do Estado da Bahia, Silvana Bispo, revela que a expectativa pelo estabelecimento das diretrizes é muito grande. “A Bahia sai na frente, é o primeiro estado a estar com a sua própria diretriz. É uma alegria porque somos o estado que mais conjuga comunidades quilombolas no Brasil. São 438. A intenção é impactar o currículo, promover a mudança de comportamento. Fazer entender que as populações quilombola, negra e indígena também são sujeitos históricos, que demandam conhecimentos e especificidades do campo de estudos deles, e precisam adentrar o currículo de todos os estudantes”, diz Silvana.

Para Maria Regina Bonfim, líder da comunidade quilombola da Rocinha, em Livramento de Nossa Senhora, as diretrizes vêm para fortalecer cultura, educação e autoestima das crianças negras. “Hoje eles não têm mais vergonha de serem negros. Graças a Deus, a coisa já evoluiu bastante, as crianças estão estudando, indo para as universidades, são bem recebidos na sociedade. Eu já começo a sentir orgulho disso. No meu tempo de estudante não era assim”, disse.

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