Educação Profissional no contraturno beneficia estudantes

Nascida e criada em meio à caatinga, Valdinete da Silva, presenciou a morte de muitos animais na pequena propriedade onde vive com o marido e o filho Tales. A realidade tem mudado desde que a agricultora familiar, aluna do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Santo Antônio das Queimadas, no distrito de Riacho da Onça, passou a fazer, no contraturno escolar, o curso do arco ocupacional Agroextrativismo. “Estou tendo vitórias. Já consegui diminuir a taxa de mortalidade do meu rebanho de ovinos, cuidando dos recém-nascidos com fornecimento do colostro e a cura do umbigo”, festeja.

A ação é coordenada pelo Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido. A turma, em que Valdinete estuda, faz parte de uma experiência nova desenvolvida pela rede de Educação Profissional da Bahia que visa articular educação básica com a educação profissional, na perspectiva da educação integral. Isto significa ofertar qualificação social e profissional aos estudantes do terceiro ano que já cursaram parte significativa das disciplinas do ensino médio, ampliando a carga horária deles no ambiente escolar, em turno oposto ao que estudam as disciplinas da base nacional comum.

O superintendente da Educação Profissional do Estado, Almerico Lima, explicou que desta forma, a rede de Educação Profissional oferece qualificação e orientação social e profissional aos jovens, promovendo a interação dos Centros de Educação Profissional com as Escolas de Educação Básica, sem dispersão de recursos, otimizando o uso dos laboratórios e equipamentos. “Esta é uma ação de Educação Profissional vinculada ao Pacto pela Educação, cujo “Compromisso 3” é o de ampliar o acesso à Educação Integral e o “Compromisso 10” visa garantir o desenvolvimento dos jovens para uma inserção cidadã na vida social e no mundo do trabalho. Se, antes, os jovens estavam sem perspectiva frente ao mundo do trabalho, apenas com a formação geral, passam a tê-la com a qualificação”, afirmou.

Para Valdinete da Silva, a experiência tem sido muito significativa. Ela colhe na sua vida prática de agricultora familiar, os frutos dos conhecimentos e habilidades desenvolvidos em sala de aula com o curso de Agroextrativismo. “O curso está me proporcionando um leque de conhecimentos, espero que outras pessoas possam aprender, também, pois hoje eu trabalho com frango de corte, ovino, vaca de leite e algumas cabras. Tales, meu filho, sempre fala pro pai que é preciso cortar o umbigo dos borreguinhos e que devemos cuidar dos animais com carinho para eles não ficarem estressados. Estamos confiantes de aumentar nosso lucro”, comemora.

A professora Marilice Andrade afirmou que o curso de qualificação profissional no contraturno amplia as possibilidades de os estudantes se beneficiarem com o desenvolvimento local. “Eles passam a ter uma visibilidade maior quanto às potencialidades regionais. Além disso, o curso permite que os estudantes desenvolvam técnicas e habilidades, que compreendem a implementação do manejo adequado e busquem a sustentabilidade ambiental no uso dos recursos da caatinga, bioma exclusivamente brasileiro”.

 

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