Professores abordam especificidades da Educação Indígena durante a Semana Pedagógica

Fotos: divulgação
A Semana Pedagógica da rede estadual, que acontece até sexta-feira (8), está sendo estratégica para o planejamento do ano letivo nas escolas indígenas da rede estadual de ensino. Com o debate entorno do tema principal “Pilares para a garantia do direito de aprender: currículo, formação, acompanhamento e avaliação”, os professores, coordenadores pedagógicos e gestores das escolas indígenas discutem aspectos do currículo que incluem a valorização das tradições e da cultura indígena, considerando aspectos como a arte, a música, a dança, a língua, a culinária, a medicina e os saberes das diferentes etnias.
 
O diretor do Colégio Estadual Indígena Coroa Vermelha, em Santa Cruz de Cabrália, na região do Extremo Sul Baiano (a 685 km de Salvador), Railson Sena Brás, da etnia Pataxó, contou sobre o trabalho realizado neste planejamento. “Desenvolvemos discussões dentro da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), do Ministério da Educação (MEC), mas trabalhamos também com todos os aspectos que envolvem a cultura Pataxó. É importante realizarmos projetos que envolvam a nossa língua Patxohã, nossos cânticos, adereços, expressões corporais, entre outros, para criar uma pedagogia que na teoria reflita na prática os nossos costumes”, afirmou.
 
 
Railson ainda destacou que a Semana Pedagógica serve para o aperfeiçoamento do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. “Também conseguimos definir projetos e oficinas que vão ser realizados de forma interdisciplinar. Na primeira unidade, por exemplo, vamos realizar atividades voltadas para a culinária e a medicina, unindo prática e teoria, que irá culminar na Semana Indígena, comemorada no mês de abril. Então, este momento está sendo importante para que os educadores se reúnam e consigam organizar o PPP e definir as diretrizes curriculares da escola”, disse.
 
Para o professor de Matemática, Leandro Chagas, do Coroa Vermelha, a contextualização e interdisciplinaridade norteiam o trabalho da unidade escolar. “O trabalho que realizamos na Semana Pedagógica tem que ser fundamentado na vida cotidiana dos estudantes indígenas para que possam ser aplicado na escola. Já era uma prática que vínhamos adotando desde 2015, mas com a chegada da BNCC essa diretriz pedagógica foi fortalecida e podemos valorizar, ainda mais, a cultura dos alunos indígenas por meio da pedagogia escolar”, ressaltou.
 
No Colégio Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas, na Aldeia Tuxá, no município de Rodelas, região do Norte Baiano (a 581 km de Salvador), a diretora Tayra Jurum Tuxá explicou sobre a importância do envolvimento da comunidade para a criação de um PPP. “Neste momento de mudanças com o BNCC, estamos trabalhando para desenvolver um projeto pedagógico que atendem os anseios da nossa comunidade. Por isso, a Semana Pedagógica é fundamental para aprofundarmos nossas ideias e resignificar aspectos da pedagogia que possam contribuir na formação dos estudantes indígenas da nossa escola”, disse.
 
A professora de Matemática e de Ciências da Natureza, Antônia Flechiá Tuxá, ainda enfatizou que a vivência social dos povos indígenas deve ser observada para o planejamento do ano letivo. “Entre as atividades da Semana Pedagógica já tivemos a participação de ex-estudantes que realizaram apresentações culturais e a troca de experiências com ex-professoras Tuxá que lutaram pela implantação da escola na aldeia. Isso é muito importante para o trabalho de valorização da nossa cultura, promovendo uma reflexão sobre a necessidade de adaptarmos o ensino pedagógico que nos é orientado pela Secretaria da Educação respeitando a nossa realidade”, completou.    

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